DRS XIV - São João da Boa Vista: Atraso na entrega de insumos essenciais coloca pacientes em risco e desrespeita ordens judiciais
Pacientes estão há mais de 4 meses sem seus remédios e insumos
A falta de diversos insumos médicos essenciais para o tratamento de pacientes em diversas cidades da região de São João da Boa Vista tem gerado uma crise de desassistência que coloca em risco a vida de pessoas que dependem desses materiais para sobreviver. As famílias, que recorreram à Justiça para garantir o fornecimento dos insumos, enfrentam não apenas o descumprimento das ordens judiciais, mas também uma total falta de transparência e responsabilidade por parte da Diretoria Regional de Saúde (DRS XIV), órgão estadual responsável pela distribuição dos materiais.
A diretora da DRS XIV, Dra. Patricia Magalhães, só reponde as famílias que "os insumos já foram comprados".
As mães relatam que a falta de insumos essenciais gera um pânico constante nas crianças, que já sabem que, ao verem os materiais começarem a faltar, o sofrimento será iminente. "Eles sabem que vão ter que enfrentar mais agulhadas e procedimentos dolorosos", explica Jaqueline, mãe de Luiz Miguel. "Meu filho, por exemplo, já tem medo das agulhas, e, quando os insumos acabam, ele chega a ser picado mais de 30 vezes em um único dia, só para tentar controlar a glicemia", completa. Esse tipo de situação não é isolado. Maira e Kelly, também mães de crianças com diabetes, confirmam que a escassez de materiais leva seus filhos a um sofrimento constante, com múltiplas picadas de insulina, além de outros procedimentos invasivos. As crianças, que deveriam ter um tratamento mais confortável e eficaz, são forçadas a enfrentar essa realidade traumática, que gera medo e angústia diariamente.
A situação é especialmente grave para aqueles que necessitam de tratamentos médicos contínuos e especializados. A demora na entrega de insumos essenciais, como medicamentos, sensores, bombas de infusão, cateteres e até mesmo seringas e agulhas, tem comprometido a saúde de diversos pacientes, em especial os que possuem doenças crônicas graves.
Jaqueline, mãe de Luiz Miguel, um menino de 7 anos, está enfrentando essa dura realidade. O garoto, portador de diabetes tipo 1 (DM1), faz uso de uma bomba de infusão que requer insumos específicos para monitoramento contínuo de glicemia. Jaqueline conta que, apesar de ter conseguido garantir o direito ao tratamento por meio de decisão judicial, os insumos não têm sido entregues conforme determinado pela Justiça. “Faz quatro meses que não recebemos os sensores para o monitoramento contínuo de glicemia, além de pilhas, cateteres e reservatórios. Isso torna o tratamento do meu filho impossível. Estamos tendo que fazer malabares para lidar com o que temos e ainda garantir a saúde dele. Não posso pagar por esses insumos, e o pior é que temos a decisão judicial que deveria garantir o fornecimento, mas isso não está acontecendo”, desabafa Jaqueline.
A demora no fornecimento de insumos é uma realidade vivida por muitas outras famílias que dependem de tratamentos especializados para garantir a sobrevivência de seus filhos e entes queridos. Maira Pereira, mãe de uma criança de 8 anos com diabetes tipo 1, também enfrenta os mesmos problemas. “Faz três meses que estamos sem os sensores e fitas para medir a glicemia, o que impede minha filha de usar a bomba de insulina. Como resultado, temos que voltar ao tratamento com seringas e agulhas, o que gera muito sofrimento para ela. Minha filha já tem medo das injeções, e é devastador vê-la apavorada toda vez que precisa fazer a troca de agulha”, conta Maira, angustiada.
Kelly, outra mãe que também depende de insumos da DRS XIV para tratar seus filhos com diabetes, relata que a falta de insulina e de sensores está tornando o tratamento cada vez mais caro e difícil de manter. “Estamos com falta de insulina basal e dos sensores Libre, que são essenciais para controlar a glicemia dos meus filhos. Não posso arcar com esses custos sozinha, já que são insulinas muito caras. A Tresiba, por exemplo, custa mais de R$ 700,00 a caixa com cinco unidades. Tenho dois filhos com diabetes, e o governo não está cumprindo com a obrigação de fornecer o que é direito deles”, diz Kelly, indignada.
Esses relatos revelam o caos enfrentado por famílias que, além de lidarem com a doença crônica de seus filhos, precisam enfrentar um sistema de saúde pública falho, que não cumpre as decisões judiciais e sequer oferece respostas satisfatórias. “Fazemos a nossa parte, procuramos a Justiça, mas, quando conseguimos a ordem judicial, o fornecimento não acontece. É um verdadeiro descaso com a vida dos pacientes”, lamenta Kelly.
A DRS XIV, sob a gestão da Dra. Patricia Magalhães, tem sido alvo de críticas constantes das famílias afetadas, que se sentem completamente desamparadas. A falta de insumos essenciais, a demora nas entregas e a constante falha no cumprimento das decisões judiciais criam uma sensação de total desrespeito com aqueles que dependem do sistema de saúde para sobreviver.
As famílias afetadas por essa desassistência pedem uma ação urgente das autoridades competentes para resolver o problema e garantir que o direito à saúde, assegurado por lei e pelas decisões judiciais, seja efetivamente cumprido. "Nós só queremos o que é direito dos nossos filhos. Estamos cansados de lutar todo mês para que a DRS entregue o que foi determinado pela Justiça. Não podemos mais esperar", desabafa Jaqueline.
Suspeita de desvio de insumos
Em meio a essa crise de desassistência, surgem agora denúncias graves envolvendo o desvio de insumos médicos na própria DRS XIV. De acordo com apurações realizadas por este jornal, há suspeitas de que um funcionário da DRS estava desviando insumos e vendendo-os de forma ilegal. A venda dos materiais, supostamente a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado, teria gerado lucro para os envolvidos, enquanto pacientes como Jaqueline, Maira e Kelly enfrentam a escassez desses mesmos insumos.
A denúncia aponta que, após a descoberta do desvio, o funcionário envolvido teria ameaçado uma das vítimas, aos gritos, na frente do prédio da DRS XIV, criando uma situação constrangedora e alarmante. Fontes próximas ao caso afirmam que a diretora da DRS XIV, Dra. Patricia Magalhães, estaria ciente da situação, mas até o momento nenhuma punição teria sido aplicada ao funcionário acusado. A investigação sobre o desvio segue em andamento, mas as famílias que enfrentam a falta de insumos já se sentem profundamente indignadas e desprotegidas diante dessa possível prática ilícita dentro do próprio órgão responsável pelo fornecimento de materiais essenciais.
A suspeita de desvio de insumos agrava ainda mais o quadro de descaso da DRS XIV, criando um cenário de total insegurança para as famílias e aumentando a pressão por uma resposta imediata das autoridades competentes. O que era para ser um sistema de saúde que deveria garantir direitos fundamentais agora enfrenta questionamentos sobre sua gestão e integridade.
Patrícia Magalhães - Diretora DRS XIV
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